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Sobre o imperativo ético de uma atuação universitária técnica e política, antirracista e engajada




Prêmio Jabuti 2015, Categoria Direito

Direitos Fundamentais das Pessoas em Situação de Rua

O Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua nasce em dezembro de 2021 no âmbito do Programa Polos de Cidadania, Universidade Federal de Minas Gerais, que desenvolve ações e projetos diversos de extensão, ensino e pesquisa social aplicada em direitos humanos com populações vulnerabilizadas, como as pessoas em situação de rua, desde 1995, na Faculdade de Direito da UFMG. Um de seus principais objetivos é a análise, a produção e a divulgação sistemática de dados, informações e conhecimentos referentes ao fenômeno da população em situação de rua no Brasil, sempre respeitando e valorizando a centralidade, a autonomia, o protagonismo e as especificidades da população em situação de rua em todas as regiões do país. O Observatório tem a sua origem no projeto de extensão e pesquisa Incontáveis, vinculado à Plataforma Aberta de Atenção aos Direitos Humanos (PADHu), do Programa Polos de Cidadania, concebido no início da pandemia da COVID-19 no Brasil, em março de 2020, em diálogo com o Movimento Nacional da População em Situação de Rua e a Pastoral Nacional do Povo da Rua.


A constatação inicial era e continua sendo a histórica escassez e a questionável qualidade dos dados disponíveis para a elaboração, a implantação, o monitoramento e a avaliação das políticas públicas voltadas à garantia de direitos das pessoas em situação de rua no nosso país. Sendo um fenômeno social bastante complexo e presente em diversos países no mundo, no nosso país as suas origens estão diretamente relacionadas a séculos de escravidão e ao Racismo Estrutural que tantas marcas de violências deixou e ainda deixa na população negra brasileira e em países do continente africano. Essas violências são perpetradas com a invisibilização, o silenciamento, o apagamento e a eliminação cotidiana da população negra no Brasil, como as pessoas em situação de rua, por meio da subnotificação e da destruição de dados e conhecimentos relativos às suas existências, assim como pela precarização, patologização, estigmatização, criminalização de suas vidas e pelo encarceramento em massa praticado em todo o território nacional.

Dra. Miracy Gustin

Polos de Cidadania, Faculdade de Direito, Universidade Federal de Minas Gerais

Dr. Menelick de Carvalho Netto

Polos de Cidadania, Faculdade de Direito, Universidade Federal de Minas Gerais

Em tempos de necessária e urgente defesa da democracia brasileira, entendemos que é um imperativo ético o reconhecimento e a reparação histórica das violações de direitos historicamente praticadas contra a população negra, incluindo as pessoas em situação de rua, e a construção de uma atuação universitária técnica e política, antirracista e engajada, que enfrente também outras violências estruturais presentes no nosso país, decorrentes dos sistemas patriarcal, capitalista e neoliberal, e que dialogue com diversos saberes científicos, populares e tradicionais, em uma perspectiva transdisciplinar, crítica, sentipensante e artesanal, conforme idealizou, há 27 anos, no início do Programa Polos de Cidadania da UFMG, a Profª. Miracy Barbosa de Sousa Gustin e o Prof. Menelick de Carvalho Netto. Conheça mais sobre o começo do Programa, clicando no ícone ao lado para ouvir ao primeiro episódio do Podcast do Polos, disponível na plataforma Spotify.


Para a realização dos seus trabalhos, o Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua/POLOS-UFMG conta com a participação ativa de pesquisadores-extensionistas de diferentes formações, saberes e áreas do conhecimento, em estreita relação e comunicação com outras universidades, nacionais e internacionais, administrações públicas, instituições do Sistema de Justiça e outras; bem como com movimentos sociais, grupos, coletivos, entidades e organizações da sociedade civil. Todo o trabalho desenvolvido pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua/POLOS-UFMG está estruturado em seis eixos norteadores: 1) Cidadania; Assistência Social e Saúde; 2) Moradia; 3) Infâncias, Adolescências e Juventudes; 4) Mulheres, Gêneros e Famílias; 5) Justiça; 6) Trabalho e Tecnologias Sociais. Além desses, existem outros três eixos denominados transversais, que estão presentes nas nossas análises, produções e divulgações de dados, informações e conhecimentos sobre o fenômeno da população em situação de rua no Brasil. São eles: A) Violências estruturais: racismo, gênero e capital; B) Diálogo com práticas locais, regionais e nacionais; C) Diálogo com experiências internacionais.

População em Situação de Rua

Nota Técnica sobre a Desatualização do CadÚnico no Município de São Paulo

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